A CONTEMPLAÇÃO DA VERDADE (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 63)


Os evangelhos falam exclusivamente daquilo que José "fez"; todavia consentem de descobrir nas suas ações envolvidas de silêncio, um clima de profunda contemplação.
As circunstâncias que São José exercitou na sua vida o trabalho manual e se empenhou de mil maneiras para o sustento de sua família, poderia facilmente nos levar a considerá-lo, levando justamente em conta esta atividade exterior, como espiritualmente exercitante da vida ativa. A realidade contudo, não coincide com esta impressão e exige  que nós consideremos, invés, São José como aquele que principalmente atendeu a contemplação da verdade. A prova disso é que José estava diariamente em contato com o mistério escondido nos séculos que habitou em sua casa.
É indubitável o alto grau de contemplação de São José, o qual, pelo motivo de sua eleição para ser o pai de Jesus, encontrou ao lado de Maria, no exercício de um amor que lhe é próprio, aquele paterno, a correspondência de um amor e igualmente singular, aquele filial de Jesus.
José, pelo amor paterno que tinha para com Jesus, foi levado a consumar toda a sua vida por ele e pela sua esposa e a participar dos acontecimentos do nascimento, da circuncisão, da apresentação ao templo, da fuga ao Egito e da vida escondida de Nazaré, mas da mesma forma condividiu os benefícios do mistério destes acontecimentos, ou seja, participou do amor de Jesus, o qual era a própria fonte deles. Se este amor através da sua humanidade se irradiava para todos homens, eram certamente beneficiados em primeiro lugar aqueles que a vontade divina tinha colocado na mais íntima intimidade: Maria sua mãe e José o seu pai putativo.
Torna-se difícil para nós compreender a amplidão e a  profundidade do conhecimento concedido a São José na contemplação da própria verdade que habitava em sua casa, o certo é que, conforme afirma São Bernardo, "o Senhor encontrou José segundo o seu coração e confiou-lhe com plena segurança o mais misterioso e sagrado segredo de seu coração. Para ele desvendou a obscuridade e os segredos de sua sabedoria, concedendo de conhecer o mistério  desconhecido por todos os príncipes deste mundo".
Uma semelhante intimidade supõe uma particular familiaridade do Espírito Santo com Maria e José. De fato, o Espírito Santo, o qual honrou São José com o nome de pai, certamente não podia deixar de adorná-lo de uma maneira eminente com aquelas qualidades necessárias para o desenvolvimento de sua altíssima paternidade. João de Cartagena vê uma "simpatia" entre o Espírito Santo e José pelo fato que sendo "o Espírito Santo o coração de Deus, certamente afirmando que José era um homem segundo o coração de Deus, o Senhor procurou um homem segundo o seu coração, é como se dissesse que procurou um homem conforme ao Espírito Santo e, se é permitido assim dizer, tendo de qualquer maneira  uma certa simpatia com ele".
O cardeal Vives não tem receio em afirmar que "José representa a  pessoa do Espírito Santo, porque como ele é o amor do pai e do filho, o esposo das almas, o Paráclito e o Consolador, assim o Bem-aventurado José amava ardentemente a mãe e o filho dela e era a consolação e a alegria de toda a sagrada família".
Compreende-se melhor agora como em São José a exigência do amor, ou seja, o seu empenho em manter e defender a sagrada família, não só a contemplação na sua vida, tornou-se expressão desta. Para José o "fez" como o anjo lhe tinha ordenado, era fruto de sua vida interior e as suas ações a revelação do clima de uma profunda contemplação no qual ele vivia, assim como a manifestação do seu perfil interior.
Justamente porque São José foi o educador de Jesus, a igreja não deixa de confiar a vida espiritual dos fiéis a ele, considerando que a vida cristã consiste justamente na reprodução e no crescimento em nós de Jesus com todos os seus sentimentos, e que em todo este procedimento José foi e continua a ser o formador insuperável.
Todos aqueles que desejam seriamente a perfeição cristã devem considerar São José como o mestre de vida interior, confiando a ele a própria vida espiritual e tomando-o como modelo do próprio agir, certos de que ele é o santo a tornar-lhes filhos do Pai celeste.


Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Por que São José não foi apenas o homem da ação  mas também da contemplação?