O PROTETOR DA SANTA IGREJA (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 64)


A liturgia reconhece de modo claro a função de protetor que São José exercitou na história da salvação, "a cuja primorosa custódia Deus quis confiar os inícios de nossa redenção", e considera tal proteção em relação a Cristo, pois "o colocou como chefe de tua família para guardar como pai o que o único filho", e também em relação à igreja, sobre a qual é invocado o seu patrocínio e: “continueis do céu a sua primorosa custódia para a Santa igreja que o venera como protetor" (Missal Romano).
Os ensinamentos dos Sumos Pontífices a este respeito se fundamentam em suas próprias convicções em recomendarem para toda a Igreja o Patrocínio de São José. Basta lembrar que o papa Pio IX proclamou São José Patrono da Igreja Universal, mas antes disso, no ano seguinte à sua  eleição ao pontificado, ou seja, no dia 10 de setembro de 1847, através do decreto Urbis et Orbis, tinha estendido a festa do Patrocínio para toda a igreja, tornando-a festa de preceito.
Tal festa já era celebrada em várias Ordens e dioceses não apenas na Europa, mas também na América. Os Carmelitas da Espanha e da Itália em 1680, tinham recebido autorização de celebrá-la  do papa InocêncioXI, depois a diocese de Roma conseguiu também a mesma autorização em 1809. A extensão dessa festa para toda a Igreja não tinha jamais sido concedida, não obstante o pedido do imperador Leopoldo I. em fevereiro de 1684, por causa de seu reconhecimento a São José pela libertação de Viena dos Turcos em 12 de setembro de 1683 e também  pelo desejo do povo.
O Decreto (Urbis et orbis) que inicia com as palavras  "o ínclito do patriarca  José" ,lembra primeiramente os dons divinos que lhe foram concedidos e os méritos que ele conquistou, para depois afirmar que José assumiu no céu "uma nova tarefa". Ele deve "por meio dos seus abundantes méritos e com o apoio da sua oração trazer socorro para a mísera condição dos homens e com as suas valiosíssima intercessão impetrar para o mundo aquilo que a possibilidade humana não pode obter".
Depois deste documento será necessário esperar até 1870 para ter um outro análogo, mas não devemos esquecer de que durante todo o arco do pontificado de Pio IX é caracterizado por um crescente desenvolvimento da devoção a São José, que interessa também aos Concílios particulares e às contínuas intervenções da Santa Sé para promover e regular devidamente as devoções, as associações, as congregações e os movimentos na igreja.
O Patrocínio de São José sobre a Igreja universal foi proclamado aos  8 de dezembro de 1870 pelo mesmo pontífice por meio da Sagrada Congregação dos Ritos  com o Decreto “Quemadmodum Deus”. Trata-se de um Decreto que no dizer do papa João XXIII, “abriu um veio de riquíssimas e preciosas inspirações aos sucessores do nosso Pio”.
O Decreto e evidencia a dignidade única de São José "constituído por Deus Senhor e Príncipe de sua casa e de sua possessão e escolhido como guarda dos divinos tesouros ". Sendo que São José é o segundo em dignidade depois da Virgem, e sendo honrado por Deus de modo excepcional, era lógico que a Igreja recorresse a ele em suas dificuldades, entre os erros no campo filosófico, religioso, moral e social, que andavam concomitantemente com as turbulências políticas condenadas depois de alguns anos com o a Encíclica "Quanta cura" e depois na célebre lista das 80 proposições errôneas , denominada " Syllabus" de 1864.
A conflitiva situação daquele tempo persuadiu o   papa Pio IX a   "colocar a si próprio e a todos os fiéis sob o potentísimo patrocínio do Santo patriarca José", pedindo de fazê-lo aos bispos do mundo católico em seus nomes e também em nome do "Sagrado Ecumênico Concílio Vaticano".
Aos 15 de agosto de 1889, Leão XIII publicou a Encíclica “Quamquam Pluries”, também esta levada pelas circunstâncias difíceis  que estava atravessando a igreja durante o seu pontificado. A exortação Apostólica de João Paulo II, que estamos tratando, justamente lembra o centenário desta Encíclica leonina.  Mereceria também neste contexto lembrar o Motu Proprio  "Bonum Sane" de  Benedito XV lançado aos 25 de julho de 1920 por ocasião do 50º aniversário da proclamação do Patrocínio de São José assim como as freqüentes intervenções de Pio XI  e depois de Pio XII que repropuseram São José como Patrono e modelo dos operários (11 de março 1945), assim como do papa Paulo VI. Devemos lembrar também o quanto João XXIII, que quis São José Patrono do Concílio Vaticano II, via a necessidade da proteção do Santo Patriarca; ele dizia "a este amigo solícito, que cuidou de Jesus nos dias de sua vida mortal e protege do céu o Corpo místico – Christi defensor sedule, familiarum columem, protector Sanctae Ecclesiae,  como o invocamos nas suas ladainhas. Nós entregamos com confiante oração as solicitudes presentes e futuras do governo da igreja".
O papa João Paulo II acrescenta a estas considerações que nós  ainda hoje temos motivos suficientes para recomendar a São José cada homem.  Afirma ainda que o seu patrocínio " é necessário ainda para  a igreja não somente para a defesa contra os perigos, mas também e sobretudo para confortá-la no seu renovado empenho de evangelização no mundo e de re- evangelização naquelas nações, onde a religião e a vida cristã são colocadas a duras provas".

Questão para o aprofundamento pessoal