UMA PATERNIDADE HUMANA E AUTÊNTICA (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 60)


A importância da descendência davídica de Jesus evidencia o quanto foram importantes e indispensáveis a presença e o consentimento de São José na ordem da encarnação.
As palavras de Maria a Jesus junto ao templo quando ele tinha 12 anos: "teu pai e eu te procurávamos" 2,48), não é uma frase convencional, mas indicam toda a realidade da encarnação que pertenceu mistério da família de Nazaré. Trata-se de considerar a união hipostática em todas as suas conseqüências “a humanidade assumida à  unidade da Pessoa divina do Verbo-Filho, Jesus Cristo”. Juntamente com o assumir da humanidade, em Cristo é também assumido tudo aquilo que é o eu humano e, em particular, a família, como primeira dimensão de sua existência na terra. Neste contexto é também assumida a paternidade humana de José.
Evidentemente a paternidade de José para com Jesus existe em virtude do seu matrimônio com Maria. Visto que a instituição do matrimônio tem como efeito jurídico a legitimação dos filhos nascidos neste, não existe nenhuma dificuldade, sob este aspecto, em considerar Jesus como filho de José, enquanto ele nasceu de sua legítima esposa: José, de fato, é o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus (Mt 1,16). “José é pai de Jesus da mesma maneira como entendido esposo de Maria, sem a união da carne, mas por força da união conjugal: ou seja, muito mais unido do que se Jesus fosse adotado. Não por isto José não devia ser chamado pai de Jesus, porque não o havia gerado com a união sexual, do momento que  um seria pai de um filho não gerado de sua mulher, mas adotado de fora " (S. Agostinho ).
A paternidade legal de José não vai, portanto, comparada e confundida com aquela de adoção, tanto mais porque Jesus não só foi gerado "de sua mulher" (a mulher de José), circunstância em que se poderia verificar também no caso de uma relação adulterina, mas " somente de sua mulher ", com exclusão absoluta de qualquer infidelidade (Mt 1,18).
Para Santo Tomás, a prole não é bem do que teve matrimônio somente enquanto é gerada por este, mas enquanto no matrimônio é acolhida e educada. Nem também o nascido de adultério, nem o filho adotivo educado no matrimônio são bens do matrimônio, porque o matrimônio não é destinado à educação deles, como ao invés foi destinado especialmente este matrimônio  para acolher em si mesmo esta prole e para educá-la .
Desta forma torna-se evidente que o matrimônio de Maria e José foi decretado por Deus em ordem ao nascimento "honrado e conveniente" de Jesus; nascimento que na mente de Deus precede ao próprio matrimônio. Por causa da união hipostática, Jesus é bem do matrimônio " não totalmente como são as outras crianças ", enquanto foi acolhido no matrimônio, mas não por meio dele; o assumir a humanidade exige, todavia, a educação do ser gerado, tarefa  recíproca para a atividade do marido e da mulher enquanto são unidos pelo matrimônio .                        A atuação de São José como pai de Jesus fica esclarecida igualmente no pensamento de Santo Tomás para o qual “é claro que para a educação do homem é necessário não apenas o cuidado da mãe, da qual se nutre, mas muito mais do cuidado do pai, o qual deve instruí-lo, defendê-lo e aperfeiçoá-lo nos bens sejam interiores que exteriores ".
Porque ao pai compete o dever de educar o filho no que diz respeito às perfeições da vida humana, devemos concluir disto a importância de José na vida de Jesus, o qual " crescia e se fortificava, cheio de sabedoria " (Lc 2,40) e era-lhe submisso.
José, desde o início aceitou mediante " a obediência da fé " a sua paternidade humana em relação a Jesus, seguindo a luz do Espírito Santo e por isso certamente descobria sempre mais amplamente o dom inefável de sua paternidade. Disto podemos ainda concluir que o intervento do Espírito Santo na concepção de Jesus não excluiu a parte de José, esvaziando desta forma a sua paternidade. Devemos ao invés considerar que a sua paternidade, não é aparente, ou somente substituta, mas que ele possui plenamente a autenticidade da paternidade humana, da missão paterna na família.
O título de "pai", que o próprio Espírito Santo atribui a São José, fundamenta esta verdade, mesmo porque hoje a engenharia genética tem demonstrado o quanto uma paternidade puramente biológica é inadequada para satisfazer todas as exigências necessárias às quais estão ligadas  uma paternidade verdadeiramente " humana ".


Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Por que São José deve ser considerado verdadeiramente, embora não o tenha gerado, pai de Jesus?