A PATERNIDADE MESSIÂNICA (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 59)


A davidicidade tornou-se a condição para o reconhecimento do Messias. Trata-se de uma tradição que reporta à promessa feita por Deus a Davi, através do profeta Natã " farei subsistir depois de ti a tua descendência...Tornarei estável o teu Reino” (2Sam 7,11-16). Mas como pode Jesus ser o filho de Davi, se Maria “encontrou-se grávida por obra do Espírito Santo?” (Mt 1,18) A encarnação do filho de Deus supera infinitamente em generosidade o limite de qualquer promessa, e consequentemente não pode ficar prendida aos laços da geração humana, por isso a corrente dos "gerou" se interrompe com José (V 16) e deixa lugar para a intervenção do Espírito Santo. As promessas, contudo, não podem ser anuladas, porque a sua realização constitui o sinal da "fidelidade" de Deus e da continuidade do seu plano salvífico.
As dúvidas de José diante da admirável maternidade de Maria refletem  a dúvida dos crentes diante desta intervenção divina sob todos os aspectos; por isto o mensageiro angélico intervém para esclarecer-lhe a validade da promessa divina e para a iluminá-lo sobre a função que lhe compete.  Não obstante a intervenção do Espírito Santo, o homem não é excluído da própria colaboração, assim, José deve cuidar de Maria e também deve dar o nome à criança. O anjo o chama oficialmente de “filho de Davi”(V 20), título que lhe compete por motivo de sua descendência, expressamente comprovada pela árvore genealógica, a qual Mateus apresenta para toda a comunidade na abertura solene do seu evangelho.
Porque José, é divinamente chamado  para a tarefa de pai do Messias ele obedece ao comando do anjo e assim "fez como lhe tinha ordenado o anjo do Senhor e tomou consigo a sua esposa" (V 27).Desta forma, o filho de Maria é também filho de José em virtude do vínculo matrimonial que os unem. Graças a José, que transmite a descendência legal, Jesus, filho de Deus, torna também filho de Davi, e partícipe do título que lhe consente de ser reconhecido como Messias. De fato durante a sua vida pública, Jesus é o honrado, graças a José, com o título "filho de Davi". Na origem desta "honra" a comunidade judeu-cristã reconhece justamente a paternidade "messiânica" de José, o último dos Patriarcas em ordem do tempo, mas evidentemente o maior de todos, o "esplendor dos Patriarcas ", como é invocado nas suas ladainhas.
José não foi, portanto, uma figura secundária do grande acontecimento do nascimento de Jesus, mas teve uma função verdadeiramente importante. Se era necessário o "fiat" de Maria para a encarnação do Verbo, o "fez" de José era da mesma forma indispensável para que Jesus fosse reconhecido como  o "sim" de todas as promessas de Deus.
Como o direito de Maria à maternidade vem da livre eleição divina, assim o direito de José vem do próprio Espírito Santo. Para aqueles que quiserem separar José de Maria, Santo Agostinho responde colocando as palavras na boca do próprio José:" Por que me separam? Não é através de mim que as gerações ascendem e descendem?". " Se lhe dissessem: " por que não gerastes por meio de tua carne ", ele responderia:" talvez ela deu à luz por obra da carne? ". Portanto, foi o Espírito Santo que operou e operou para todos  dois. O Espírito Santo deu um filho, Jesus, para todos  os dois.


Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Considere por que o Filho de Maria é também Filho de José.