A UNIÃO DOS CORAÇÕES (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 58)


             "Mediante o sacrifício total de si próprio, José exprime o seu amor generoso para com a Mãe de Deus, fazendo-lhe ‘dom esponsal de si’. Muito embora decidido a afastar-se, para não ser obstáculo ao plano de Deus que nela estava para ser realizado, por ordem expressa do anjo ele manteve-a consigo e respeitou a sua condição de pertencer exclusivamente a Deus "
            O virtuoso comportamento de José para com Maria nem sempre foi facilmente compreendido pois este matrimônio provocou desde tempos passados "delírios" dos escritores apócrifos o que levou Santo Agostinho a debates contra os Pelagianos e continua todavia a suscitar ainda algumas convulsões em alguns teólogos, quase que para dizer que se trata de um matrimônio "frágil", passível de uma anulação como se faz numa concessão dada pelo papa a um matrimônio “rato” e não “consumato”.
            Mas existe a afirmação explícita de Mateus e de Lucas a respeito da realidade do vínculo matrimonial que uniu Maria e José e isto é testemunhado pelo quanto a igreja apostólica ensina a respeito sobre este matrimônio, dando constantemente a José com preferência sobre outros títulos, aquele de "esposo da Bem-aventurada Virgem Maria". Leão XIII, depois de ter afirmado na Encíclica Quamquam Pluries” que " entre a bem-aventurada Virgem Maria e São José houve um estreito vínculo conjugal", deixa claro que  disto decorre a sua excelsa grandeza. Sobre esta realidade  tanto Santo Tomás como Santo Agostinho enfatizaram em seus ensinamentos e justamente por isso a Encíclica papal faz constante de referências a estes ensinamentos.  Da mesma  forma  esta faz igualmente referência aos ensinamentos do papa Paulo VI o qual afirma:" nesta grandiosa tarefa de renovação de todas as coisas em Cristo, o matrimônio, também ele renovado e purificado, torna-se uma realidade nova, o sacramento da nova aliança. E eis que no limiar do Novo Testamento, como já sucedera no princípio do antigo, há um casal. Mas, enquanto o casal formado por Adão e Eva tinha sido a fonte do mal que inundou o mundo, o casal formado por José e Maria constitui o vértice, do qual se expande por toda a terra a santidade. O Salvador deu início à obra da salvação com esta união virginal e santa, na qual se manifesta a sua vontade onipotente de purificar e de santificar a família, que é santuário do amor humano e berço da vida ".

Porque a essência do matrimônio consiste na "indivisível união dos ânimos", a validade do matrimônio de Maria e José é consequentemente  garantida.  Foi Santo Agostinho que defendeu contra o pelagiano Juliano, o qual negava a existência do matrimônio de Maria, porque este não fora consumado, que neste existiu a “união dos ânimos”. Desta forma ele afirma que José é esposo de Maria na continência , não pela união carnal, mas pelo afeto, não pela união dos corpos, mas pela comunhão dos ânimos. "Assim com Maria era castamente cônjuge também José era castamente marido ".O vínculo matrimonial não é rompido com a decisão consensual de abster-se perpetuamente do uso do matrimônio. Maria é chamada de fato  esposa de José desde o princípio do consentimento matrimonial; por isso Santo Agostinho afirma que não se deve negar que sejam marido e mulher aqueles que não se unem carnalmente, mas se unem com os corações.




Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Partindo das considerações acima expostas, explique por que o matrimônio de Maria e José é verdadeiro.