A VOCAÇÃO DE SÃO JOSÉ (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 54)



Algumas edições do Evangelho põem como título “a vocação de José” (Mt 1,18-25) porque trata justamente deste assunto, e não de uma triste história de uma suspeita de infidelidade conjugal, também se tudo teve um fim feliz. Na verdade, a encarnação de Jesus exige a sua inserção na genealogia humana, algo que estava dentro das promessas de Deus feita a Davi por meio de Natã (2Sm 7) e aqui entra a presença de José.
No relato da vocação de José, no qual se espelha a esperança de Israel, Mateus por duas vezes lembra a transcendência divina e expressa seja na descrição do fato que Maria “se encontra grávida por obra do Espírito Santo” (v 18), seja na confirmação da autoridade do Anjo “Aquele que nela é gerado é obra do Espírito Santo” (v 21) e desta verdade o evangelista tem uma consideração quando na descrição da genealogia ao chegar em José interrompe a série dos “gerou” para afirmar que José é “esposo de Maria do qual nasceu Jesus, o Cristo” (v 16).
Mateus  com isso não quer  provar com a genealogia a  descendência de Jesus, porque então diria: “José gerou Jesus” e se não renuncia a genealogia, mas insere a variante “esposo de Maria da qual nasceu Jesus”, é porque acha importante que a genealogia, também se modificada, é idônea para fazer reconhecer Jesus como Messias. É justamente a genealogia assim modificada que faz com que compreendamos a importância de José, cuja presença é tida como indispensável porque é dele denominado expressamente pelo Anjo como “Filho de Davi” (v 20) que é defendida a messianidade de Jesus.
No momento culminante da história sagrada, José é chamado expressamente de tomar consigo a sua esposa e a assumir a paternidade daquele que sua esposa tinha concebido por obra do Espírito Santo. O Anjo dirige-se a José como ao esposo de Maria àquele que depois devia impor o nome ao filho que nascerá da Virgem de Nazaré com ele esposada. Dirige-se a José confiando-lhe a tarefa de um pai em relação ao filho de Maria.
A José confuso diante da admirável maternidade de sua esposa o Anjo revela-lhe que não deve sentir-se estranho: “O mensageiro divino introduz José no mistério da maternidade de Maria” e assim, o filho daquela que juridicamente lhe pertence como esposa, lhe pertence de direito segundo a  lei humana, como a genealogia comprova, mas lhe pertence também segundo a vontade divina, que o chama expressamente a condividir a paternidade com Aquele do qual “toma nome toda paternidade  nos céus e na terra” (Ef 3,15).
Esta  é a vocação de José e ninguém pode reivindicar uma honra tão grande.


Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Explique por que a paternidade de José está relacionada com a sua vocação.