FIGURA INSÍGNIE (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 53)


“Chamado  a ser o Guarda do Redentor, José fez como lhe tinha ordenado o Anjo do Senhor e tomou consigo a sua esposa” (Mt 1,24). Temos aqui o compêndio daquilo que é São José e do quanto ele fez, ou seja, a descrição da figura e missão do Guarda  de Jesus. Ele é o  Guarda do Redentor, por isso São José é descrito pelo papa na linha da Redenção. De fato o papa explicita na sua Exortação que o seu objetivo é oferecer algumas reflexões sobre aquele ao qual Deus confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos, ou seja, Jesus e Maria. Com isso a Exortação  não se afasta do cristocentrismo.
Esta colocação de São José numa linha cristocêntrica indica que o Santo Patriarca passou vinte séculos presente na vida da Igreja não obstante a literatura apócrifa existente a seu respeito e a colocação às vezes nem sempre correta na pregação de sua pessoa e missão, a qual fora nutrida de uma escassa teologia, não reservando a ele o justo lugar no ensinamento da Cristologia, da Mariologia e da Espiritualidade.
É preciso aceitar que a veneração a São José tem suas origens no próprio Evangelho e foi inspirando-se justamente nos Evangelhos que os Padres da Igreja “desde os primeiros séculos, puseram em relevo que São José, cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo”,
As  reflexões que o documento  papal nos apresenta se fundamentam sobretudo sobre os episódios evangélicos, sobriamente ilustrados pelos Padres da Igreja como Santo  Irineu, São João Crisóstomo, São Bernardo, Santo Agostinho... Podemos dizer que a figura de São José não passou desapercebida diante da inteligência penetrante de São Tomás de Aquino e nem diante do profundo sentimento de Santa Teresa  D’Ávila e nem mesmo ao “sensus fidei” do povo de Deus que o reconheceu como padroeiro da Igreja Universal.
Aquilo que faz de São José uma figura insígnie é ter “participado como nenhuma outra pessoa humana, com exceção de  Maria, a Mãe do Verbo Encarnado” do mistério da encarnação. Por isso na medida em que percebemos o significado do mistério da encarnação, compreendemos também a importância da figura de São José, o qual participou juntamente com Maria, envolvido na realidade do mesmo evento e foi depositário do mesmo amor, pelo qual a potência do eterno Pai “nos predestinou a ser seus filhos adotivos por obra de Jesus Cristo”(Ef 1,5).
Na abertura da Encíclica, São José recebe a qualificação de  “Guarda”, qualificação esta que à primeira vista parece conceder-lhe apenas uma função extrínseca, também se não marginal, mas no âmbito do desígnio de Deus para a redenção do homem, fica evidenciada a sua participação e o seu envolvimento de forma tão grande que “nenhuma outra pessoa, com exceção de Maria”,  pode dizer de possuir, pois ele através do matrimônio com Maria se aproximou como nenhum outro daquela altíssima dignidade, pela qual a Mãe de Deus supera todas as criaturas. Além do mais a sua relação como pai de Jesus “o coloca mais próximo possível de Cristo, termo de toda eleição e predestinação”.
 O exercício de seu ministério como “Guarda” de Jesus está portanto intimamente ligado ao mistério da encarnação, porque foi exercitado na instituição do matrimônio e no exercício da paternidade. Este aspecto salienta que São José não é estranho ao mistério de encarnação, aliás, este mistério o envolve e assim indica a absoluta soberania da ação divina à qual homem é chamado a colaborar sem nenhum protagonismo a não ser apenas aquele de Jesus, o Redentor, mas também sem nenhuma exclusão da  colaboração humana.
São José no mistério da encarnação de Jesus foi um colaborador e Paulo VI lembrando a unidade da ação divina com aquela humana na economia da redenção, salienta que “a primeira, aquela divina é totalmente suficiente, mas a segunda, aquela humana, a nossa, se bem que em nada é capaz, não é jamais dispensada”. São  José entrou portanto na economia da redenção no momento culminante respondendo a uma específica vocação, chamado a ser o Guarda do Redentor.



Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Explicite a qualificação de “Guarda” que São José recebeu em relação a Jesus dentro da Exortação Redemptoris Custos.