INTRODUÇÃO (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 52)


            Em 1989 comemorou-se o centenário da publicação da Encíclica “Quamquam Pluries” do papa Leão XIII e o papa  João Paulo II aproveitou-se desta ocasião para propor para toda a Igreja, à luz do Evangelho, dos Padres da Igreja e dos papas seus predecessores, a figura e a missão de São José, o Guarda do Redentor. Ele que na plenitude dos tempos participou como nenhum outro, com exceção de Maria, do mistério da  encarnação e participou juntamente da fé de sua esposa, e desta dignidade ele se aproximou como nenhum outro servindo diretamente a pessoa e a missão de Jesus mediante o  exercício de sua “autêntica” paternidade.
            José se colocou com obediência para servir com amor e  por amor o Messias que nasceu em sua casa e assim cooperou profundamente com grande mistério de nossa redenção. Com isso São José tornou-se exemplo para toda a Igreja manifestando o modo maduro de servir e de participar da economia da salvação.
            A Exortação Apostólica “Redemptoris Custos” tornou-se desta forma uma fonte de riqueza doutrinal e espiritual para todos aqueles que desejam o aprofundamento da teologia Josefina, por isso,  proporcionaremos na primeira parte desta abordagem o conteúdo deste precioso documento Josefino e na segunda parte algumas reflexões que têm a intenção de enriquecer o conteúdo do mesmo.
            É importante que seja lido com atenção cada capítulo do documento e depois relacionado com as reflexões que lhe dizem respeito.
            Leão XIII tornou-se papa aos 20 de fevereiro de 1878 herdando de Pio IX um difícil pontificado assinalado dos erros postulados com o  racionalismo, o naturalismo e o ateísmo, os quais tinham gerado o socialismo e o comunismo.  Neste contexto o papa  sentia o poder das trevas causando danos para o cristianismo, sentia a luta contra o papado e as tentativas de desestabilizar os fundamentos da religião, conforme vem reportado na Encíclica “Quamquam Pluries”.
Em seu discurso aos Cardeais em março de 1889 descrevia o quadro histórico daquele tempo com estas palavras: “As condições gerais da  Europa e do mundo são bastante incertas e amedrontam e se repercutem dolorasamente na Santa Sé... nasce nos católicos do mundo inteiro apreensões, ansiedades e temores pela  sorte de seu chefe... O exercício do ministério episcopal dos novos Pastores que nomeamos sofre adiamentos e impedimentos pelo Exaquatur... Lembramos a exclusão da Igreja do ensinamento público, as disposições do novo Código Penal contra o clero, o confisco de grande parte dos bens da Igreja, as ações causadas e outras que ameaçam prejudicar as pias obras...”
Face a esta situação difícil e de perseguição da Igreja, o  papa tomou a iniciativa de evidenciar São José para o povo católico incentivando desta forma a sua devoção popular, algo já  iniciado pelo papa Pio IX, o qual tinha declarado São José Padroeiro da Igreja Universal. Para o papa Leão XIII a Igreja esperava muitíssimo da especial proteção de São José, sendo ele o  Padroeiro Universal da Igreja e sobretudo porque esposo de Maria e Pai putativo de Jesus Cristo.
São José é partícipe da altíssima da Mãe de Deus justamente porque entre ele e ela existiu um verdadeiro vínculo matrimonial e o matrimônio constitui desta forma “o meio mais nobre de sociedade e de amizade que traz consigo a comunhão dos bens”..
Para o papa a missão de São José não termina com sua vida terrena porque a  sua autoridade de pai se estende por vontade de Deus para toda a Igreja. A Sagrada Família contém o início da Igreja nascente e nesta São José tem a autoridade de pai. Desta forma, o matrimônio de José com Maria e a sua paternidade em relação a Jesus não são portanto apenas títulos de grandeza, de graça, de santidade e de glória, mas são também a razão para que “defenda com seu patrocínio a Igreja de Deus”.
Por isso, o papa exorta aos cristãos de qualquer que seja a condição ou estado a confiar-se e abandonar-se confiantemente na amorosa proteção de São José, sejam os pais de família, sejam os casados, os consagrados, os ricos, os pobres, os operários...
Sendo que o objetivo da Encíclica de Leão XIII foi aquela de solicitar a ajuda divina por meio da oração, associando à intercessão de Maria também a de São José, o papa uniu à sua Encíclica uma oração especial a São José, decretando de rezá-la no final da reza do Rosário durante todo o mês de outubro. Eis a oração:
A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e
[depois de ter implorado o auxílio de vossa santíssima Esposa,] cheios de confiança solicitamos [também] o vosso proteção.
Por esse laço sagrado de caridade
que vos uniu à Virgem Imaculada Mãe de Deus,
e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus,
ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar benigno
sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com o seu sangue,
e nos socorrais em nossas necessidades
com o vosso auxílio e poder.
Protegei, guarda providente da divina Família, 
o povo eleito de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, pai amantíssimo,
a peste do erro e do vício.
Assisti-nos do alto do céu, nosso fortíssimo sustentáculo, 
na luta contra o poder das trevas,
e assim como outrora salvastes da morte
a vida ameaçada do Menino Jesus,
assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus
das ciladas de seus inimigos e de toda a adversidade.
Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio,
a fim de que, a vosso exemplo
e sustentados com o vosso auxílio,
possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente
e obter no céu a eterna bem-aventurança.
Amém.
Esta oração continua há mais de um século ressonando muitas vezes nas casas de muitos cristãos e nas Igrejas, mantendo viva a  devoção a São José. Este costume ainda que pouco lembrado entre os cristãos, tem respaldo no magistério da Igreja que não apenas acha “muito útil que o povo cristão se acostume a rezar com devoção e confiança, juntamente com a Virgem Mãe de Deus, também ao seu castíssimo esposo, São José”, mas exprime também nos fatos, os quais não foram meras coincidências, que o Patrocínio de São José foi proclamado aos 8 de dezembro de 1870,  Sagrado dia da Imaculada Conceição de sua Esposa, e que a Encíclica “Quamquam Pluries” fosse lembrada pelo seu centenário com a Exortação Apostólica “Redemptoris Custos” também na data de 15 de agosto, Festa da Assunção e por fim que a colocação do nome de São José no Cânon da missa, teve o seu início com o papa João XXIII a partir do dia 8 de dezembro de  1962, ou seja, na Festa da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria.



Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Por que o papa Leão XIII proclamou São José, Patrono da Igreja Universal e com qual documento?