Vimos até aqui a teologia, o magistério da Igreja, a devoção popular e as diversas vertentes do culto a São José. Cabe-nos agora, em poucas palavras, ver o nosso Santo na arte, já que ela espelha de forma visível aquilo que foi pregado e ensinado aos fiéis ao longo dos séculos e nos diversos lugares, pois a arte testemunha a catequese.
"Na arte é possível comprovar como as extravagâncias dos relatos apócrifos e a sobriedade dos evangelhos, as reflexões da mente e o afeto do coração foram canalizados. A arte é o pulso onde se pode controlar objetivamente o estado de saúde da teologia". (100)
São José é pintado com o Menino Jesus nos braços, ou ao seu lado com um martelo, um bastão ou vara florida nas mãos, ou atento em sua oficina de trabalho, ou ainda com uma auréola na cabeça, jovem ou velho de barba branca, em adoração diante do Menino, com um livro na mão etc. Essa representação figurativa é um fato significativo, porque por trás dela existe um pressuposto lógico baseado nos relatos dos evangelhos, dos apócrifos, dos documentos da Igreja, dos costumes da liturgia, das devoções populares, das tradições, das literaturas religiosas, da oratória sacra e do folclore.
Em geral, as representações sacras tiveram início a partir do século X, relacionadas sobretudo com a liturgia do natal. São José foi focalizado na cena da Anunciação, na visita dos pastores à gruta de Belém, e na fuga ao Egito. Alguns séculos mais tarde, ele ganha as representações dos apócrifos que focalizam seu casamento com Maria, os magos, a apresentação no Templo, sua escolha por Deus, a vida em família na cidade de Nazaré... Sua figura, porém é pintada como um homem velho e com barba, devido à influência dos apócrifos . Entretanto, é interessante notar que, a partir do Renascimento (1450 -1600), ele começa a ser representado com certa freqüência com um livro nas mãos. Naturalmente , isso está em perfeita consonância com os deveres do pai na tradição hebraica, a qual tinha, entre outras, a tarefa de instruir o filho na Torá. Esse novo "visual" do Santo não deixou de representar sua figura como um velho com um lírio na mão direita e um livro na esquerda, mas ao mesmo tempo foi aparecendo um São José jovem, com o bastão na mão direita e um livro fechado na esquerda. Outras vezes a figura desse São José "novo" é apresentada lendo um livro, ou ao lado da mesa de carpinteiro cheia de ferramentas à luz de uma vela lendo um livro.
Mais recentemente, o diretor de cinema Franco Zeffirelli, no seu filme "Jesus de Nazaré", apresentou um São José atraente, jovem e inserido numa família perfeitamente normal, como uma pessoa humanamente completa, exercendo a profissão de carpinteiro, como um hebreu profundamente religioso, dócil e aberto ao desígnio de Deus a seu respeito.
Concluindo, podemos afirmar que presença de São José na iconografia, na escultura, na pintura, em suma na arte, é bastante satisfatória, a tal ponto que possibilitou uma grande exposição sobre "São José na arte espanhola" em Madri, em 1972. Ela foi preparada pelo Centro Espanhol de Pesquisas Josefinas, que recolheu obras de arte dos museus nacionais, das coleções do Patrimônio Nacional, de catedrais, igrejas e de colecionadores particulares de todas as partes da Espanha. Também na França foi feita uma exposição dedicada a "São José, o desconhecido", em 1977, que ofereceu uma panorâmica da arte Josefina nos séculos. Além destas, outras exposições menores de santinhos e imagens do nosso tempo foram organizadas em vários lugares. Uma das últimas foi realizada em 1989 na Cidade do México, por ocasião do V Simpósio Internacional de Josefologia.
Questão para o aprofundamento pessoal
1. Faça uma análise da evolução da Arte Josefina.