SÃO JOSÉ, NAS FESTAS E RECONHECIMENTOS (Curso de Josefologia - Parte III - Capítulo 44)


          Comecemos, mais uma vez, pelo Oriente. O teor da apócrifa “História de José Carpinteiro” e sua grande difusão a partir do séc. IV, comprovada pelas inúmeras traduções, levam a admitir o fato de um culto mais antigo nas regiões influenciadas pela mesma “História”, com a instituição de uma festa entre os Coptos Monofisitas egípcios que de fato comemoram a morte do santo a 20 de julho.
            A “História” contém passagens que demonstram a sincera estima daquele povo para São José.
No “Sinaxário” medíceo da Igreja Copta de Alexandria,  escrito pelo ano de 1425, ao dia 26 de abril (20 de julho) se lê: “Morte do Santo velho e justo José, marceneiro, esposo da Virgem Maria Mãe de Deus, que mereceu ser chamado pai de Jesus Cristo”.
Os calendários que lembram a festa de São José no Oriente são do séc. X e foram compilados no mosteiro palestinense de São Saba. Desta época, precisamente, é o primeiro testemunho certo de seu culto em Oriente, a saber: o “Menológio” de Basílio II.  Este fixa  a comemoração de São José para o mesmo dia de Natal e a comemoração da fuga para o gito no dia seguinte. Outros calendários marcam para o dia 26 de dezembro uma festa de Maria e de José, seu esposo; e  celebram no domingo antes do Natal (chamado “Domingo dos Santos Pais”)  a festa dos antepassados de Jesus “desde  Abraão até José,  esposo da Bem-aventurada Mãe de Deus”; e no domingo entre a oitava do Natal, a festa de São José, juntamente com o rei Davi e São Tiago Menor. Trata-se como vê, de festas não exclusivas do Santo; mesmo assim, todas bem perto do Natal, com o intuito de inserir também a José no mistério ao qual de direito ele pertence intimamente. Como prova disso, pode-se lembrar o fato que os católicos Ucranianos, querendo introduzir uma nova festa de São José em obséquio à encíclica “Quanquam Pluries”, escolheram exatamente o dia depois do  Natal, honrando de tal forma a São José em união (sináxis) com a  Santíssima Mãe de Deus.
No Ocidente, os documentos são mais antigos dos orientais, de pelo menos um século.
O culto de São José é atestado pela primeira vez no manuscrito Rh 30,3 (do séc. VIII) da  Biblioteca de Zurig: “José, esposo de  Maria”. Trata-se de um calendário,  ou estrato de martirológio, que fixa a comemoração de José a 20 de março (que será em seguida o  “seu dia”). Provém da Abadia Beneditina de Rheinau (cantou Zugig), mas ignora-se ainda hoje o lugar de origem primitiva (provavelmente, o norte da França ou a Bélgica); como também se desconhece sua importância na tradição monástica.
Nos martirológios e calendários do séc. X em diante (Fulda, Verona, Ratisbona, Stovelot, Werden – sobre a Ruhr, Reichenau,...) a referência a São José aparece sempre a 19 de março: “Em Belém, (comemoração) de São José, nutrício do Senhor”.
Permanece, todavia, certa confusão de data entre 19 e 20 de março nos documentos de Saint-Rémi de Reins e Saint-Maximin de  Trévir. A explicação mais provável da escolha e intercâmbio das duas datas talvez esteja na harmonia entre dois mártires: José de  Antioquia e Joserus, que teriam sido comemorados em tais dias por antigas recensões do Martirológio Jeronimiano.
A Abadia Beneditina de Winchester reivindica para si a  honra de ter sido a primeira a celebrar a festa de São José, pelos idos de 1030. A menção da primeira inserção do nome do nosso Santo nas  Ladainhas encontra-se no “Missale Plebarioum” (séc XII) da Biblioteca Vaticana. O primeiro ofício canônico completo, inclusive com notação musical, em honra de São José, é do séc. XIII e provém da  Abadia Beneditina de São Lourenço de Liége. No mosteiro austríaco de São Floriano, um missal do final do séc. XIII traz uma “missa  votiva do pai nutrício do Salvador”.
            No séc. XIII, o culto particular de São José é comprovado pelo místico Hermann de Steinfeld (+1241), monge premoristratense querecebeu o nome de José numa visão de Nossa senhora; como também pelas Santas Margarida de Cortona (+1257) e Gertrude (+1302).
            Pelos “Anais dos servos de Maria” (I, 248) acerca do Capítulo  de 1324, resulta que eles celebravam com solenidade a festa de São José.
            Os Franciscanos adotaram a mesma festa no Capítulo Geral de 1399, usando como texto litúrgico, na missa, o “Corumune Confessorum”. Mas Francisco Fiorentini, em seu livro: “O mais antigo Martirológio da Igreja Ocidental atribuido a São Jerônimo” (Lucca, 1668), seria testemunha de  uma festa de São José em vigor na ordem desde o séc. XIII.
Os Carmelitas celebravam a festa de São José, no final do séc. XIV, em diversas localidades da Europa; no início do séc. XV, seu nome está em primeiro lugar entre os santos do dia 19 de março.
João de Gerson, em 1416, no Concílio de Constança, afirmava que a festa de São José (na época, já bastante  difundida) era  celebrada pelos Agostinianos de Milão a 19 de  março e pelos ingleses a 09 de fevereiro, na oitava da Purificação de Maria.
Foi de João de Gerson a idéia de celebrar a liturgicamente “os Esponsais de Maria Santíssima como São José”:  a festa foi realizada em 1537 pelos Franciscanos, que a adotaram em  honra a Nossa senhora, seguidos depois por muitas outras Ordens Religiosas.
Inocente XI  permitiu a celebração da mesma festa nos domínios do Imperador Leopoldo I e na Espanha. Foi suprimida por João XXIII com instrução da Sagrada Congregação dos Ritos de 14 de fevereiro de 1961.
A festa de 19 de março entrou no Breviário e no Missal Romano em 1479 por obra do franciscano Sisto IV, mas limitadamente à cidade de Roma. A pedido dos Menores Conventuais, o mesmo Pontífice aprovou uma missa de São José, de  rito simples, que mais tarde o Papa Inocente VIII promoveu a festa de rito duplo. A 08 de maio de 1621, Gregário XV tornou obrigatória a festa na Igreja inteira, apesar de o decreto  não ter sido executado plenamente e ter precisado por isso ser renovado em 1642, sob Urbano VIII. Clemente X  declarou a festa de rito duplo de 2ª classe em  06 de dezembro de 1670; e Clemente XI concedeu a São José, no dia 19 de março, missa e ofício próprios (04/02/1714). Bento XIII inseriu o nome de José nas ladainhas dos santos de todos os  livros litúrgicos, imediatamente após o nome de São João Batista (19/12/1726).
Pio VII acrescentou o nome de José na oração “A  cunctis” (De todos os perigos...”), logo após o nome da  Virgem Maria. Pio IX,  no dia 10/12/1847, estende à Igreja  Universal a festa do Patrocínio de São José, fixando-a ao 3º Domingo da Páscoa com rito duplo de 2ª classe, a mesma festa, porém, já era celebrada pelos Carmelitas em 1680, pelos Agostinianos em 1700 e pelo Clero Secular de Roma desde 1809.
A 24/07/1911 a festa do Patrocínio se transformou em “Solenidade de São José, Esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, Confessor e Patrono da Igreja Universal”.
A 28/10/1913 foi-lhe mudada, mais uma vez, a data: desta vez foi fixada para a 3ª quarta-feira depois da Páscoa, com rito duplo de 1ª classe com oitava.
A 24/10/1956 um decreto da S. Congregação dos Ritos aboliu esta solenidade, substituindo-a com aquela de São José Operário, a ser celebrada no dia 1º de maio. O título de Patrono da Igreja Universal foi acrescentado à festa principal, de 19 de março.
Pio IX multiplicou as provas de sua devoção a São José, concedendo indulgências a muitas práticas devotas em sua honra. A pedido dos Padres Conciliares do Vaticano I., no dia 08/12/1870, declarou São José Patrono da Igreja Universal e  elevou a festa de 19 de março à solenidade de rito duplo de  1ª classe.
Leão XIII incluiu a invocação de São José entre as  orações depois da Missa (06/01/1884) e em 1889 prescreveu uma prece especial em honra do Santo, a ser rezada no mês de  outubro, depois do terço.
Pio X promulgou e indulgenciou a Ladainha do Santo para uso público.
Bento XV inseriu no Missal um Prefácio próprio de  São José (09/04/1919) e na oração “Bendito seja Deus” mandou acrescentar a invocação do Santo (23/02/1921), em memória de sua proclamação como Padroeiro da Igreja.
Pio XI a 09/08/1922 quis inserir o nome de São José nas orações para os moribundos.
Pio XII instituiu a festa de São José Operário e compôs uma oração apropriada.
João XXIII, a 19/03/1961, declarou-o “Protetor do Concílio Ecumênico Vaticano II”, e a 13/11/1962 mandou inserir seu nome no Canôn da Missa, no “Communicantes” (“Em união com...”).


Questão para o aprofundamento pessoal

1. Indique algumas das festas de São José instituídas ao longo dos séculos.