SÃO JOSÉ, NA LITURGIA (Curso de Josefologia - Parte III - Capítulo 42)


O culto público e litúrgico de São José é relativamente recente, enquanto a sua devoção e veneração são muito antigas. A Igreja Oriental precede, neste culto, a Ocidental. No Ocidente, o culto torna-se local a  partir do século IX e por fim  público e litúrgico só no século XV.
No Oriente, o primeiro indício encontra-se no Egito. A “História de José Marceneiro” (apócrifo  do século IV) traz ao capítulo 26 a indicação do dia 20 de junho como dia comemorativo de São José, e o mesmo fazem os calendários captos.
Em seguida, as fontes calam-se até o século X. Aparece então o “Menológico de Basílio II” (976-1025),  com o dia 25 de dezembro como festa de São José,  juntamente com os Santos Reis, enquanto outros sinassários e calendários a comemoram no dia seguinte, 26/12,  ou no domingo antes (ou depois) do Natal, sempre com outros santos (Davi, etc.) ligados ao nascimento de Jesus.
No Ocidente, os martirológios locais abreviados do século IX (por exemplo o de Reichenau, Rheirus e Trévici) anotam o nome de São José no dia 19 de março. O mesmo fazem os martirológios dos séculos posteriores (Stablo, Verdum, Mantova, Verona, Ratisbona...)
As Cruzadas favorecem a propagação do  culto de São José. Em Nazaré os Cruzados construíram em sua honra uma basílica; outras Igrejas surgiram em Bolonha (Itália, 1129), Alcester (Inglaterra, 1140), Joinville (França, 1254).
O seu culto difundiu-se pelo esforço de grandes santos e teólogos, como Ruperto de Deutz (+1133) e São Bernardino de Clervô (+1153). Cresceu ainda mais nos séculos XIV e XV com Santa Brígida da Suécia (+1375); na Espanha com são Vicente Ferreri (+1419); na França com o Card. Pedro d’Ailly  (+1425) e com o célebre chanceler João de Gérson (+1429); na Itália com São Bernardino de Sena (+1444), Bernardino de Feltre (+1429) e  o Pe. Bernardino de Bústis (+1500); e finalmente de novo na Espanha, com Santa Tereza de Jesus (d’Ávilla, + 1582).
Nesta época, as várias Ordens Religiosas foram inserindo a Festa de São José em seus calendários: os Carmelitas, os Servos de Maria (1324), os Franciscanos (1399); vieram em seguida os Dominicanos e  Premontatenses, ao passo que ela não se acha entre Cartuxos, Cistercenses e Cluniacenses.
Trata-se, porém sempre de culto privado. Mas sob Sisto IV (1471-84), a festa de São José finalmente inserida no Breviário Romano, impresso em Veneza em 1479, como de rito simples, a partir de 1482 já promovida a festa de rito duplo com  09 leituras. Enfim, o Breviário de 1499 contém o Ofício completo próprio.
Devagar, a festa de São José foi sendo celebrada na Igreja inteira, especialmente em conseqüência da Reforma Tridentina. Em 1621 (com decreto de 08 de maio) Gregário XV a incluiu entre os dias de guarda.
Clemente X (1670-76) decretou que fosse festa de  rito duplo de 2ª classe, e Clemente XI (1700-21) mandou redigir (03/02/1714) um novo Ofício, o mesmo atualmente em uso; os três hinos (Te Joseph, Caelitum Joseph e Iste quem laeti) foram compostos pelo Carmelita espanhol João Escalar. E finalmente, com a proclamação do Santo como Padroeiro da Igreja Universal, a festa de 19 de março tornou-se festa de rito duplo de primeira classe por iniciativa de Pio IX (1870), e o Código de Direito Canônico (cân. 1247, 1) a  inclui nos dias santos de guarda.
No século XVIII uma nova festa foi se propagando, aquela do Patrocínio de São José.
Já muitas Ordens Religiosas e muitas Irmandades, como  por exemplo: os marceneiros, tinham eleito São José como padroeiro especial e  há tempo pediam uma festa especial.
Os Carmelitas da Itália e das Espanha conseguiram-na em 1680, para ser celebrada no 3º domingo depois da  Páscoa; pouco tempo depois,  o mesmo conseguiram os Agostinianos. Em 1721, para os Dominicanos ela já é festa com direito à oitava.
Príncipes, imperadores e reis declaram São José, Padroeiro de seus territórios: Luís  XIV na França,  Fernando II e Leopoldo I na Boêmia (1655) e Áustria (1675), Carlos II (1665-1700) na Espanha e na Bélgica. O mesmo fizeram muitos Bispos- Príncipes em suas dioceses ou territórios.
Especial importância teve o culto de São José para as Missões Estrangeiras. Por exemplo: para o Canadá, Urbano VIII concedeu em 1637 que São José fosse o Padroeiro  territorial e a sua festa tornou-se festa nacional; assim para os territórios de Madura, Paraguay, Ilhas Marianas, China, etc...
O século XIX foi um século de culto especial a  São José. Pio VII concedeu a festa de  Patrocínio ao clero romano, em 1809; Pio IX estendeu a festa do Patrocínio de  São José a toda a Igreja (10/09/1847), e declarou São José “Padroeiro da Igreja Universal” (08/12/1870).
Em nosso século, Pio X (28/10/1913/ fixou a  data da festa do patrocínio, com oitava, à quarta-feira do 2º domingo depois da Páscoa, tirando-a do domingo, depois de ter já substituído (24/07/1911) o termo “patrocínio” com aquele de “Solenidade de São José esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, Padroeiro da Igreja Universal)”.
Uma terceira festa em  honra de São José é a Festa dos “Esponsais de Maria Santíssima e São José”, já celebrada em Chartres (França) no começo do século XV, recomendada por João de Gerson, adotada e difundida pelos Frades Menores (que lhe reservavam o dia 07 de março) e pelos Dominicanos (no dia 22 de janeiro). Com indulto de Bento XIII (22 agosto 1725), a festa foi definitivamente fixada para o dia 23 de janeiro.
O próprio Bento XIII inseriu o nome de São José na Ladainha dos Santos (19/12/1726); sob Pio VIII o seu nome foi acrescentado na oração “A cunctis” (17/09/1815); Pio X enriqueceu a Ladainha do Santo com muitas indulgências (18/03/1909); Bento XV deu-lhe um “prefácio” próprio (09/04/1919) e acrescentou a sua invocação na oração “Bendito seja Deus” (23/02/1921, para celebrar  o 50º aniversário de sua proclamação como Padroeiro da Igreja Universal).



Questão para o aprofundamento pessoal

1.    Procure ter uma visão clara do início e do desenvolvimento da liturgia em honra a São José ao longo dos séculos.