SÃO JOSÉ, MODELO PARA OS MINISTROS SAGRADOS E PARA OS RELIGIOSOS E RELIGIOSAS (Curso de Josefologia - Parte II - Capítulo 37)


Particularmente fazemos referência aos ministros sagrados pelo motivo de uma maior proximidade deles à figura  à missão de São José.
Quando o Papa João XXIII introduziu o nome  de São José no Cânon da missa, não foi por uma sua simples e pessoal devoção a ele, mas foi a concretização de uma esperança feita de petições há mais de um século. São José, como disse São Bernardo, “foi aquele que recebeu o pão vivo do céu para conservá-lo para si e para todo o mundo”. Pio IX em seu decreto “Quemadmodum Deus” de 08 de dezembro de 1870, afirma que São José: “nutriu aquele que os fiéis devem comer como Pão de vida eterna”. O Pe. Francisco Cirino ressalta que a relação de São José com o sacrifício eucarístico advém também do fato que durante a vida de Jesus, por ocasião dos ritos de sua  circuncisão e da apresentação ao Templo, São José, também “se não fosse sacerdote, todavia exercitou de qualquer modo as funções para com o Santíssimo Corpo do Menino Jesus... No rito da circuncisão o Senhor deu  ao mundo por meio das mãos de José, as primícias daquele Santíssimo Sangue que devia ser derramado para a remissão dos pecados, e ele o ofereceu devotissimamente a Deus Pai em oblação pura e hóstia agradável”. Também na apresentação ao Templo, toca a José, como pai, a parte mais importante deste cumprimento legal e por isso ele com suas mãos, não apenas de maneira cerimonial, mas com toda a sua convicção, apresentou o menino Jesus, verdadeira vítima de holocausto. São José ofereceu e o consagrou a Deus Pai sobre o altar do Templo”.
 O Pe. Francisco Cirino não apenas acha justo que durante a eucaristia o nome de São José seja lembrado, mas também que ele seja proposto como ”exemplo e especial patrono para os Sacerdotes”, pois como ele “mereceu cuidar respeitosamente com as suas mãos do Menino Jesus e de conduzi-lo, (assim devem os sacerdotes) servir o sagrado altar com pureza de coração e inocência de ação e dignamente oferecer e receber o Sacrossanto Corpo e Sangue de nosso Senhor” (F.M. Cirino, amplificationis cultus Sancti Josephi B. Marae viriginis sponsi votum – Regnum Dei, 10 [1954] pg 75-76).
Parece muito apto que São José, com os sentimentos que teve por Jesus, seja para os sacerdotes um modelo no exercício do próprio ministério; ele que teve em suas mãos Jesus criança com todo o respeito e afetividade, deve despertar estes mesmos sentimentos no momento em que o sacerdote toma em suas mãos sobre o altar o corpo de Jesus Sacramentado.
Na verdade, São José deve ser considerado o modelo perfeito para os sacerdotes, e não apenas para eles, mas também para os diáconos e ministros da eucaristia, ele que depois da Virgem Maria, como reza São José Marello, Fundador da Congregação dos Oblatos de São José, “foi o primeiro a apertar em seus braços o Divino Redentor, seja o nosso exemplar no nosso ministério que, como o teu, é ministério de relação íntima com o Verbo Divino”.
João Paulo II referindo-se a uma homilia de Paulo VI ensina na Exortação Apostólica “Redemptoris Custos” o primado da vida interior de São José afirmando que é na “sua insondável vida interior, da qual lhe provêm ordens e consolações singularíssimas; dela lhe decorrem também a lógica e a força, própria das almas simples e límpidas, das grandes decisões, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divino a própria liberdade, a sua legítima vocação humana e a felicidade conjugal, aceitando a condição, a responsabilidade e o peso da família e renunciando, por um incomparável amor virgíneo, ao natural amor conjugal que constituiu e alimenta a mesma família” (RC 26). São José fez o que o anjo lhe ordenou e assumiu todo o mistério da  maternidade de Maria, assumindo igualmente o Filho que viria ao mundo por obra do Espírito Santo, demonstrando assim uma disponibilidade à vontade de Deus igual àquela de Maria em razão daquilo que lhe era pedido por meio do anjo.
O Consagrado é chamado a consagrar-se totalmente a Deus e ao seu desígnio de salvação, o qual é uma iniciativa de Deus que requer dos chamados uma resposta com dedicação total e exclusiva, fazendo-se total oferta de si. Neste sentido há um profundo relacionamento entre a pessoa de São José e a identidade da pessoa consagrada, para a qual houve um chamado de Deus e foi-lhe pedido uma dedicação total e exclusiva à qual este responde com dedicação incondicionada.
A comunhão de vida entre José e Jesus nos leva a considerar o mistério da encarnação, justamente sob o aspecto da humanidade de Cristo, instrumento eficaz da divindade para a salvação dos homens. Neste sentido São José ao lado de Maria, com sua paternidade teve um relacionamento íntimo com a humanidade de Jesus. Maria é por excelência o modelo de consagração e dedicação a Deus  e ela próxima de Cristo e juntamente com José, no decorrer da vida escondida de Nazaré, tornou-se a mestre do seguimento incondicionado e do serviço assíduo a Deus. Por isso mesmo São José condividiu plenamente a vida com Maria.

Questões para o aprofundamento pessoal

1.    Indique as razões por que São José é modelo para os sacerdotes e para os religiosos e religiosas.
2.    Onde e em qual documento pontifício tem uma referência sobre o primado da vida interior de José?