SÃO JOSÉ, PROTETOR E PRESENTE NA VIDA DA IGREJA (Curso de Josefologia - Parte II - Capítulo 31)


O papa João Paulo II escreveu na Exortação Apostólica Redemptoris Custos, que a Igreja do nosso tempo tem numerosos motivos para rezar e pedir a proteção de São José (nº 31). Também o Papa VI afirmava que a Igreja queria  a proteção de  São José “pela indestrutível confiança naquele ao qual Cristo quis confiada a proteção de sua frágil infância, desejará continuar do céu a sua missão tutelar na guia e na defesa do próprio corpo místico de Cristo...” (Alocução 19/3/1965).
Na verdade, a busca da proteção de São José pode ser embasada em duas vertentes: Aquela da experiência vivida e aquela da doutrina. As duas se completam, pois de fato, como afirma a Lumem Gentium no nº 12, antes que a teologia chegue a conhecer e a expor adequadamente a fé, o povo de Deus, graças ao senso de fé, suscitado e apoiado pelo Espírito da verdade,  já penetrou sob a guia do sagrada magistério, na própria fé aplicando-a à vida.
É impossível enumerar quantos fiéis e Santos foram devotos de São José. Basta lembrar que até o final do século passado surgiram mais de duzentos Institutos de vida consagrada e Sociedades de vida apostólica que têm o nome de São José. São muitíssimas as Confrarias, as Associações, as Cidades, as Nações e as Dioceses que têm o nosso Santo como patrono. E o que dizer da devoção privada das famílias e das pessoas?
Sendo os Santos os nossos intercessores, mais eles estão unidos a Deus, mais as suas intercessões são eficazes, assim, o Patrocínio de São José só é inferior àquele da Mãe de Deus. Como disse João de Cartegena (+1618): “Certamente todos os santos são servos de Deus, mas a nenhum, senão São José, diz respeito àquelas palavras da Virgem: ‘Teu pai e eu ansiosos te procurávamos’. Se portanto Deus faz a vontade dos servos que o temem, quanto mais fará a vontade de José, ao qual ele escolheu como esposo de sua Mãe, seu pai legal e nutrício e sob a sua tutela e casa transcorreu muitíssimos anos da infância e a vida de sua juventude” (De cultu et devotione erga B. V. ac D. Joseph, 1 XVIII, Hom XIII).
Ainda João de Cartagena continua enfatizando o poder de intercessão de São José tendo a certeza de que Cristo em consideração ao que recebeu dele, não deixará de atender a sua intercessão em favor de  seus devotos. A sua intercessão, pelo fato do liame forte que teve com ele na terra, jamais recebe uma negativa, e por isso esta supera a intercessão de qualquer outro Santo. Esta sua posição é também compartilhada por Santo Tomás, o qual afirma: “Alguns santos têm o poder de socorrer em alguns casos, mas ao santíssimo José é concedido de socorrer em cada necessidade e dificuldade e  de defender, cuidar e seguir com paterno afeto, todos aqueles que a ele com piedade se dirigem”.
Diante de tão potente patrocínio é de supor em São José uma dignidade e mérito sem comparação, como condensa esta convicção a idéia descrita por Virgilius: Todos os Santos, dentre os quais os anjos e os serafins pedem ao Cristo Senhor suplicando, como servos, José ao contrário, com uma certa autoridade,  pede como seu pai. Dado que enquanto estava na terra Cristo lhe obedecia, assim no céu, por nada esqueceu o que recebe dele, atendendo o seu pedido como ao pai, com filial afeto...  E porque o Cristo Senhor nada lhe negará, qualquer que seja o seu pedido, José é justamente proclamado patrono e intercessor universal para todas as necessidades em que lhe recorremos (Vigilius Seldmayer, Theologia Mariana, Dissertatioes de S. Joseph, Wessebrom 1758).
Vale também aqui o testemunho de Santa Tereza: “Para alguns santos parece que Deus concede de socorrer-nos nesta ou naquela necessidade, enquanto que experimentei que ao glorioso São José estende o seu patrocínio sobre todos. Com isso o Senhor quer dar-nos entender que naquele modo em que era-lhe submisso na terra, onde ele como pai putativo mandava, da  mesma forma, é agora no céu em fazer tudo o que lhe pede”.
O senso da fé do povo e o estudo profundo dos teólogos encontraram o pleno consenso do Magistério da Igreja, basta lembrar o decreto Quemadmodum Deus de Pio IX de 1870 que declarava São José Patrono da Igreja Universal e também a Encíclica Quamquam Pluries de Leão XIII de 1889. Vale lembrar ainda a Redemptoris Custos de João Paulo II de 1989, a qual contempla a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja, fazendo assim uma declaração explícita da atualidade de São José, cuja missão não é apenas histórica, ou seja, limitada a um tempo e espaço, mas podemos dizer “meta-histórica” porque ligada ao mistério da encarnação do Filho de Deus e portanto da obra divina da Redenção e por isso se estende para sempre.
Paulo VI afirma que “José é esta luz que difunde os seus raios benéficos na casa de Deus”,  ou seja, na Igreja. Ele é a luz que ilumina com seu incomparável exemplo, aquilo que caracteriza o santo, através do seu serviço a Cristo e da sua disponibilidade por amor. Podemos afirmar que o exemplo de José e as lições que jorram de sua vida são uma escola para toda a Igreja, justamente porque a sua missão é única e grandiosa, afinal é a missão de cuidar do Filho de Deus, Rei do mundo; missão de guardar a virgindade e santidade de Maria; missão de cooperar, sendo chamado para participar do  grande mistério escondido nos séculos, da encarnação divina do Filho de Deus e da salvação da humanidade.
Toda a santidade de José está justamente no cumprimento fiel de sua missão tão grande, mas também tão humilde, tão alta, mas também tão escondida, tão luminosa, mas também tão envolvida na obscuridade. Desde o momento que José recebeu de  Deus através do anjo, a sua vocação, ele colocou-se imediatamente à disposição dos desígnios de Deus com toda a sua liberdade, aceitando as condições, a responsabilidade, o peso desta missão e oferecendo com sacrifício toda a sua vida diante das exigências da  vinda do Filho Deus em sua família.
José fez, portanto de sua vida, um sacrifício ao mistério da encarnação e da missão Redentora e tudo isso de uma maneira escondida, humilde, silenciosa e quase imperceptível. Por causa desta sua maneira de ser e aceitar os planos de Deus a seu respeito, ele é, como já lembramos na afirmação do Papa Paulo VI, “uma luz que difunde os seus raios benéficos para toda a Igreja. Ele é o tipo do evangelho que Jesus anunciará como programa para a redenção da humanidade, é o modelo dos humildes que o cristianismo eleva para grandes destinos, é a prova de que para ser bons e verdadeiros discípulos de Cristo, não é necessário fazer coisas extraordinárias, mas bastam a prática de virtudes comuns, humanas e simples, contanto que sejam autênticas” (Paulo VI Allocuzione de 19/3/1969).
São José, no exercício de seu ministério, fala pouco, mas vive intensamente, não se esquivando de  qualquer responsabilidade que a vontade de Deus lhe impõe. Ele oferece um exemplo atraente de disponibilidade à sua divina vocação, um exemplo de calma em cada acontecimento, de plena confiança, permeado de uma vida de profunda fé e caridade e do grande meio da oração, como muito bem nos ensina o papa João XXIII.


Questões para o aprofundamento pessoal

1.    Faça uma consideração sobre o poder de intercessão de São José.
2.    Qual o documento pontifício que explicita a atualidade de são José?