SÃO JOSÉ E O EVANGELHO DO TRABALHO (Curso de Josefologia - Parte II - Capítulo 28)


O Papa Leão XIII  com a Encíclica Quamquam Pluries (1889) exprime um sentimento paterno para os trabalhadores preocupando-se com a situação deles. O ponto de referência é o mistério da encarnação, que coloca em realce a dignidade do trabalho através de São José. “Os proletários, os operários e quantos são desafortunados... devem recorrer a São José e dele tomarem a sua imitação. Ele, se bem que da estirpe real, unido em matrimônio com a mais santa e excelsa entre as mulheres, e pai putativo do Filho de Deus, passou a sua vida no trabalho... O trabalho operário, longe de ser desonra...”. Da mesma forma, a Encíclica Rerum Novarum (1891), também de Leão XIII, afirma que Jesus “Embora sendo filho de Deus e Deus ele próprio, quis ser visto e considerado Filho do carpinteiro, e não negou de transcorrer uma grande parte da sua vida no trabalho manual”.
A  Exortação Apostólica Redemptoris Custos (nº 22) evidencia claramente a missão de São José quando afirma que “Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou José aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção”.
A Encíclica Laborem Exercens de João Paulo II, focaliza que o testemunho da pregação apostólica expresso nos evangelhos, realça o fato de que Aquele que sendo Deus, tornou-se semelhante a nós em tudo (Hb 2,17), menos no pecado, dedicou a maior parte dos anos de sua vida sobre a terra ao trabalho manual, junto a um banco de carpinteiro (nº 6). Neste sentido  “São José tem uma grande importância para Jesus, se verdadeiramente o Filho de Deus feito homem o escolheu para revestir a si mesmo de sua aparente filiação... Jesus o Cristo, quis assumir a sua qualificação humana e  social deste operário (Paulo VI – Alocução 19/3/1964). Jesus “não se serviu das realidades humanas apenas para manifestar-se, mas uniu-se a elas para santificá-las com sua humanidade” (S Th, III q.8,a.1). Porque o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência humana, Jesus escolheu esta dimensão para qualificar o seu estado social.
José, pelo fato de ser unido em matrimônio com Maria, e pela transmissão do título de Filho de Davi a Jesus, deu além do título davídico, indispensável para o reconhecimento de Jesus como Messias, também aquela dimensão humana que o caracteriza, ou seja, “O estado civil, a categoria social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar e a educação humana”. Portanto, Cristo quis assumir a sua qualificação humana e social de José, o carpinteiro de Nazaré.
Escolhendo de ser considerado Filho de José (Lc 3,23), Jesus herdou, como afirmamos, o título de  Filho de Davi, mas contemporaneamente assumiu também o título de “Filho do Carpinteiro”(Mt 13,55), e na carpintaria de Nazaré trabalhou com mãos de homem (GS 22), santificando o trabalho.
Sendo que Jesus condividiu o seu trabalho com José na carpintaria, então nenhuma outra pessoa, depois de Maria, esteve tão próximo das mãos, da mente, da vontade e do coração de Jesus quanto José; por isso, Pio XII afirma que ele foi o Santo no qual penetrou grandemente o espírito do Evangelho.
Não é ele o filho do carpinteiro? Esta interrogação que os habitantes de Nazaré fazem acerca de Jesus me chama muito a atenção. José de Nazaré não era um “Zé Ninguém”... Mas era “O carpinteiro”. Ser reconhecido por uma característica é algo que pode ser bom ou ruim: bom se a característica é o trabalho, como é o caso de São José,  ou então uma qualidade humana... Ruim se é um vício,  um defeito. Podemos agradecer o Senhor por não dar como pai a Jesus um “desocupado” um “farrista” um “embriagado”... Mas sim o Carpinteiro”
Como sabemos, um carpinteiro,  numa cidade pequena como Nazaré, naqueles tempos tinha diversas funções e não trabalhava somente com  madeira, mas  também com ferro (era ferreiro), preparava alicerces de casas, planejava e fazia valas para os mais diversos fins; quem sabe era até pedreiro... Era o Homem do Trabalho.
            E o trabalho dignifica o homem, como sempre nos disse a Palavra de Deus e como sempre diz a Igreja. Ser trabalhador é cooperar na criação, é continuar a criação e  fazer a felicidade presente no  mundo. No trabalho deveríamos exercer toda a nossa liberdade de filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança e transformando o mundo.
            O valor do  trabalho não está simplesmente nele mesmo. Na verdade, podemos dizer que o trabalho é um “termômetro do homem”. Ele o qualifica como alguém que constrói a liberdade e a paz ou alguém que não se preocupa por estes valores.
Voltando à realidade de José, o carpinteiro, podemos dizer que Jesus realizou a redenção em três etapas: a primeira, que nos interessa foi a sua vida escondida, na oficina de Nazaré; a segunda, na vida pública, enquanto pregava e anunciava o Reino de Deus; e a terceira no Mistério Pascal em sua Paixão, Morte e Ressurreição.  Interessa-nos aqui a primeira; a vida oculta, especialmente junto ao pai carpinteiro que, certamente,  olhava muitas vezes para seu filho e  lembrava-se do que ouvira de Simeão – que aquele Menino iria ser  grande. Se Jesus crescia em sabedoria,  em estatura e em graça diante de Deus, e dos homens era José, junto com Maria, que o acompanhava. Certamente José tinha a presença  mais marcante, pois a sociedade do tempo confiava a educação do filho homem ao pai. José educou o Filho de Deus ensinando-o a ser homem. A oficina de Nazaré teve grandes momentos de trabalho e santidade e nela Jesus, ao lado de José, iniciou a salvação da humanidade.
Jesus desejou ser chamado filho do carpinteiro, operário como seu pai. A Igreja viu  nestes acontecimentos o reconhecimento de imensos valores humanos e cristãos no trabalho. Se na criação  houve a  imposição da lei do trabalho, foi naquela carpintaria que o Filho de Deus e o mais feliz dos homens mostraram o valor desta lei. São José partilhou a vivência do  trabalho que o Redentor oferece aos homens. Os valores das coisas são internos a elas, na força e no carinho que cada um coloca de si. Portanto, imaginemos os valores que aquelas coisas que José e Jesus construíam... Imaginemos o valor do trabalho que eles faziam e do trabalho em si mesmo, que eles dignificaram.

Questões para o aprofundamento pessoal

1.    Baseando-se em algumas afirmações presentes nesta lição, qual foi a importância do trabalho de Jesus junto a  Carpintaria de José?
2.    Por que São José é o protetor dos trabalhadores?