A VOZ DOS PAPAS (Curso de Josefologia - Parte II - Capítulo 26)


Os documentos pontifícios ao considerar a figura e a missão de São José, afirmam que a Igreja sempre o teve em grandíssima honra, “coroando-o de louvores”. De fato, Lucas e Mateus o ressaltaram apresentando-o com os títulos de “Filho de Davi”, “Esposo de Maria” e “Pai de Jesus”. Tendo em vista a grande honra que Maria, Mãe de Jesus, recebeu da comunidade apostólica, o título “esposo de Maria” (Mt 1,20) para José, não é apenas uma simples menção histórica, tanto menos o título “Pai de Jesus” (Lc 2,48) que o coloca no relacionamento mais próximo com Cristo, porque é através dele, José, filho de Davi, (Mt 1,20) que a geneologia davídica foi transmitida a Jesus, e dele Jesus recebeu “o nome, o estado civil, a categoria social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar, a educação humana” (Paulo VI, Allocuzzione 19/3/64). “Ainda mais, mediante o exercício da sua paternidade e desse modo, precisamente, ele ‘coopera no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos’, e é verdadeiramente ministro da salvação” (RC 8). Em reconhecimento disto, a Igreja apostólica o qualificou como “Homem justo” (Mt 1,19s).
     Não foram apenas os teólogos que se interessaram pela teologia Josefina. Também o Magistério da Igreja,  na voz dos  papas, colocou em evidência os pontos essenciais dessa teologia.
      Pio  IX estendeu a festa do Patrocínio de São José a toda a Igreja com o  decreto "inclytus  Patriarcha Joseph", de 10 de setembro de 1847. E proclamou São José como Patrono da Igreja Universal com o decreto "Quemadmodum Deus", de 08 de dezembro de 1870, ensinando que ele é o segundo em  poder de intercessão.
      O mesmo Papa reconheceu o seu direito a um culto superior ao dos outros santos com  o decreto "Inclytum Patriarcham ", de 07 de julho de 1871. Além disso, testemunhou sua devoção ao  grande Santo com  um afresco enorme na sala Imaculada do Vaticano, que lembra a definição do dogma da Imaculada Conceição, no qual São José é colocado entre São Pedro e Jesus. Mandou erigir na Praça Espanha , em Roma, um baixo relevo representando o sonho de  São José. Em 1871, foi confeccionado um  tapete, no qual o patrocínio de São José é simbolizado por dois anjos que apresentam ao Santo o decreto pontifício  e a  Igreja. Ordenou,  também, que fosse cunhada uma medalha em 1876 na qual São José é representado entre a Igreja e a Sagrada Família.
            Em vista de sua dignidade e importância como colaborador do mistério de nossa Redenção é que no decorrer da história, o respeito dos cristãos por São José não diminuiu, aliás, sempre foi consolidando-se na devoção popular e aprofundando-se no conhecimento teológico. Basta lembrar que Leão XIII, influenciado pela ênfase da devoção a São José, ocorrida no pontificado de Pio IX, já na sua primeira Alocução ao Colégio Cardinalício (28/3/1878), coloca o seu pontificado sob “a potentíssima proteção  de São José, celeste Patrono da Igreja”. Este mesmo Papa o invoca logo depois da invocação de Maria, como “seu puríssimo esposo”, e na sua Encíclica Rerum Novarum (1891) apresenta-o como aquele que qualifica humanamente Jesus, e que a partir do qual “Deus quis ser considerado Filho de operário”. Ainda Leão XIII dá o título de Bem-aventurado” a São José  na oração “Deus refugium nostrum et virtus”, a ser recitada depois da missa. Ele ainda aprova a reza do Ofício Votivo de São José às quartas-feiras, e estabelece que a sua festa seja de preceito duplo em alguns lugares da Itália.
Com a Carta Apostólica Neminem Fugit (14/06/1892), institui a “Pia Associação Universal das Famílias consagradas à Sagrada Família de Nazaré”, afirmando a participação íntima de São José à suprema dignidade da Sagrada Família.
Com a Encíclica Quamquam Pluries de 1889, lançada quando a Igreja passava por dificuldades de perseguição, Leão XIII estabelece uma nova iniciativa relativa a São José afirmando: “Já que é  muito importante que o seu culto penetre profundamente nas Instituições Católicas e nos costumes, queremos que o povo cristão receba de nossa própria voz e autoridade todo o incentivo possível”. Esta Encíclica considera as razões pelas quais São José é tido como Patrono da Igreja: “sobretudo pelo fato que ele é esposo de Maria e pai Putativo de Jesus Cristo”. A Encíclica explica ainda que São José é partícipe da  excelsa dignidade de Maria, Mãe de Deus, porque entre a beatíssima Mãe de Deus e São José existe um verdadeiro vínculo matrimonial. E que São José supera entre todos em dignidade “porque por vontade de Deus, foi o Guarda e, na opinião de todos, o Pai do Filho de Deus”.
O papa vê assim a grandeza de São José em relação à sua paternidade porque Jesus se submeteu humildemente a ele, lhe obedeceu e para ele prestou aquela honra e respeito que cada filho deve ao seu Pai. Porque ele foi o testemunho da  virgindade de Maria, o Guarda legítimo e natural da  Sagrada Família, cuidando de Maria e Jesus, providenciando-lhes o sustento com seu trabalho, defendendo-os dos perigos, merece da Igreja toda a consideração.
Leão XIII  por fim, convida a todos os cristãos de qualquer condição ou estado para confiar e abandonar-se à amorosa proteção de São José: sejam os pais de famílias, os esposos, os consagrados a Deus, os ricos, os pobres, os operários...
Pio X (1903 – 1944) em sua Encíclica inaugural “E Supremi Apostolatus” (4/10/1903), invoca a intercessão do castíssimo esposo da Mãe de Deus, Patrono da Igreja Católica. Ele também promulgou a indulgência às Ladainhas de São José em 18/3/1903. Com a mesma devoção seguirá o para Bento XV  (1914-1922), o qual insere no Missal Romano um prefácio próprio de São José e concede indulgências especiais pela reza do Pequeno Ofício de São José. Em 25/7/1920 com o Motu Próprio “Bonum Sane”, enfatiza a necessidade e a eficácia de sua  devoção como remédio dos problemas depois da guerra, e acrescentou depois em 1921, a Invocação “Bendito seja São José, seu santíssimo esposo” na oração “Bendito seja Deus”.
Pio XI (1922 – 1939) introduz a invocação a São José nas orações para os moribundos e também no rito da unção dos enfermos. Confia igualmente a São José a Rússia (19/3/1930). Na Encíclica “Divini Redemptoris” (19/3/1937), invoca o seu patrocínio na luta da Igreja contra o comunismo. Na Encíclica “Ad Sacerdotti Catholici” (20/12/1955), afirma que Jesus quis ser educado na casa de Nazaré por Maria e José, ambos virgens. Nas suas Alocuções exalta São José como Grande entre os Santos, superior a João Batista, pai da grande caridade, pai de todos na Igreja Santa de Deus, Onipotente na sua intercessão. Enfatiza ainda que a grandeza de seu ministério está em ser o guarda da pureza de Maria, o guarda da virgindade de Jesus e o tutor do mistério da Redenção. Com a mesma disposição seguira o papa Pio XII (1939- 1958) na Encíclica "Haurietis aquas" de 15 de maio de 1956, evidencia o amor de Jesus pelo “seu pai putativo José, ao qual obedecia sendo fiel colaborador no trabalhoso serviço de carpinteiro”. Apresenta ainda São José como modelo dos operários e em 1/5/1955 institui a festa litúrgica de São José Operário.
João XXIII (1958/1963) que foi um grande devoto de São José, fez questão de divulgar o seu amor por ele a todos. Ele afirma São José como: “O meu primeiro e predileto protetor”. O nomeia protetor do Concílio Vaticano II com a Carta Apostólica “Le Voci” (13/3/1961) e insere o seu nome no Cânon da Missa dispondo um altar dedicado a ele na Basílica do Vaticano, o qual tornou-se ponto de atração e de piedade. A razão deste altar ele mesmo a expressa: “para um acender-se, também no máximo Templo do Cristianismo a devoção a São José, protetor Sanctae Ecclesiae, Protetor do Concílio do Vaticano II”(19/3/1972). Seguirá no mesmo caminho de amor ao protetor da Santa Igreja de seu predecessor o papa Paulo VI (1963-1978), o qual na abertura da segunda sessão do Concílio Vaticano II, (29/9/1963) invoca a presença de São José como Patrono do próprio Concílio. Na “Lumen Gentium” (21/11/64) aprova que na celebração Eucarística seja  venerada com memória “também aquela do Bem-aventurado José”. Promulga as edições do Missal Romano e da Liturgia das Horas onde estão presentes os textos das missas e dos Ofícios da Sagrada Família; da missa de São José, de São José Trabalhador e o novo prefácio de São José. As suas homilias sobre São José são admiráveis em seus conteúdos.
Por fim o papa João Paulo II (1978) desde a sua primeira Encíclica “Redemptor Hominis” (4/3/1975), insere o nome de São José no coração da Redenção, fazendo a seguinte afirmação: “Jesus Cristo feito homem, Filho de Maria Virgem, Filho putativo de José de Nazaré”. Nas Encíclicas “Laborem Exercens”  (14/9/81), “Familiaris Consortio” (22/11/85), Dominum et Vivificatem (18/5/86), Redemptoris Mater (25/3/87), Mullieris Dignitatem (15/8/88) têm uma presença significativa de São José. No aniversário do Centésimo ano da Encíclica “Quamquam Pluries” de Leão XIII, o nome de João Paulo II ficará para sempre ligado à Exortação Apostólica “Redemptoris Custos”, a qual coroa o desenvolvimento ininterrupto do culto a São José nos últimos cem anos transcorridos, sobretudo com a fundação de numerosos Institutos Religiosos. Foram mais de cem Institutos que tiveram São José como patrono, assim como de Associações, de Confrarias e outras Instituições sob o seu patrocínio. Além disso, algumas nações e várias dioceses o escolheram como Patrono, (Equador-1921), (Peru-1957), etc. Acrescenta-se também as incontáveis Igrejas construídas em sua honra, as quais somente na Itália chegam na casa das mil, além das inumeráveis construções de Capelas e Oratórios. É dever lembrar também que neste período de 100 anos passados, existiram entre a Europa e América, ao menos 15 coroações canônicas de imagens de São José.
Precisamos ainda notar que neste mesmo período o desenvolvimento doutrinal sobre São José foi notável, sobretudo através dos Centros de Estudos Josefinos, instituídos em várias partes do mundo com publicações Josefinas. Lembramos  aqui a primeira revista de pesquisa sobre São José “Estudos Josefinos” surgida em 1947 em Valladolid (Espanha) com os padres Carmelitas Descalços. Os mesmos padres em 1953, criaram a “Sociedade Íbero-Americana de  Josefologia”.
Em 1952 foi criado o “Centro de Pesquisas e de Documentação” em Montreal (Canadá) pela Congregação de Santa Cruz, a qual passou a publicar a revista Cahiers de Josephologie. No mesmo ano na Itália surgiu o “Centro Stuti di San Giusepe” dirigida pela Congregação de São José , fundada por S. Leonardo Murialdo. Contemporaneamente o “Movimento Giusseppino” em  1963, e o Meeting Point  Redemptoris Custos em 1989, foram instituídos pela Congregação dos Oblatos de São José, fundada por São José Marello.
Os missionários de São José do México, fundam o “Centro Josefino” em 1958 na cidade do México, e outro em 1985 em Salvador. Surge igualmente em Kalish, na Polônia em 1969 o “Centro de Estudos Josefinos”.
Todos estes Centros passam a organizar Semanas e Encontros de estudos josefinos e por fim, promovem “Simpósios Internacionais de Josefologia”, tais como em Roma (1970), Toledo (1976), Montreal (1980), Kalish (1985), Cidade do México (1989), Roma (1993), Malta (1998) e  Salvador (2001). Em todos estes São José foi estudado nos diversos aspectos, particularmente na teologia da encarnação e da redenção, no seu papel na História da Salvação com suas características ligadas às suas virtudes de humildade, obediência, castidade; a sua paternidade, o seu matrimônio....
Particularmente a “Exortação Apostólica Redemptoris Custos”, vem depois coroar todo esse movimento considerando a figura e missão de São José na vida de  Cristo e da Igreja, com seu matrimônio, paternidade...


Questões para o aprofundamento pessoal

1.    Indique o nome de alguns documentos pontifícios e de seus autores em relação a São José.
2.    Indique os destaques que alguns papas deram ``a devoção Josefina.
3.    Comente os esforços de João Paulo II na difusão da pessoa de São José.
4.    Indique alguns Centros de Estudos Josefinos presentes no mundo e os anos em que alguns Simpósios de Josefologia foram realizados.